segunda-feira , 25 setembro 2023
Home / Destaque / Regulamentação do uso da cannabis medicinal é defendida em audiência na Assembleia

Regulamentação do uso da cannabis medicinal é defendida em audiência na Assembleia

As comissões de Direitos Humanos e Cidadania (CDHC) e de Previdência Social e Saúde (CPSS) da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) promoveram audiência pública conjunta, na tarde dessa segunda-feira, 19, para discutir a regulamentação da pesquisa e uso da cannabis medicinal no Ceará.

O encontro atendeu a requerimento dos deputados Renato Roseno (Psol), Guilherme Landim (PDT), Larissa Gaspar (PT), De Assis Diniz (PT), Missias Dias (PT) e Luana Ribeiro (Cidadania). A audiência teve como encaminhamentos a produção de projeto de lei para regulamentar o uso do canabidiol medicinal no Estado, o envio de um requerimento ao Ministério da Educação para articular a qualificação educacional sobre a temática e a formação de uma agenda com a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) para tratar sobre o assunto.

O presidente da CDHC, deputado Renato Roseno (Psol), destacou que o debate responde ainda a uma movimentação social de diferentes grupos que atuam em prol da regulamentação da substância. “Esse é um tema que nós acompanhamos há um bom tempo e precisamos de uma legislação específica para as pesquisas, bem como para o uso, em especial do uso para tratamentos neurológicos”, completou.

O deputado da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) Caio França (PSB) participou do debate de forma remota. Ele é autor da Lei n° 17.618, que institui a Política Estadual de Fornecimento Gratuito de Medicamentos Formulados de Derivado Vegetal à Base de Canabidiol em São Paulo. O parlamentar explica que o principal desafio para aprovar leis que sejam mais amplas é trabalhar a opinião pública para reconhecer as vantagens da substância para os pacientes e diminuir a resistência.

A coordenadora da Associação Medicinal do Ceará (AMECE), Ana Carla Bastos, afirma que dentre as principais demandas das pessoas que procuram suporte da organização estão a dificuldade de acesso ao medicamento, por questões financeiras ou burocráticas; a procura por informações de como conseguir prescrição médica para uso e a possibilidade de cultivo em casa. Ela elenca também as prioridades do movimento: a democratização do acesso, a capacitação dos profissionais da rede pública e o fortalecimento da produção acadêmica e científica.

Representando a Plataforma Brasileira de Políticas de Drogas, o advogado José Tiago chamou a atenção para o fato de que a legislação não deveria atuar como um impeditivo ao acesso à saúde. “Vivemos com a angústia de lidar diariamente com o receio de quem precisa realizar tratamento de saúde à base de cannabis e que, por isso, coloca em risco a própria liberdade, porque ante a ausência de regulamentação lidamos com um ambiente de insegurança jurídica”, argumentou.

A estudante de Agronomia Amanda Maia relatou que é mãe de uma criança que tem necessidade de tratamento com a substância e que já enfrentou diversos desafios para ter acesso à terapia adequada, como o preconceito e o risco de prisão pelo cultivo da cannabis em casa. Segundo ela, é necessário que haja capacitação dos profissionais vinculados tanto ao âmbito da saúde quanto da segurança pública.

Para a psiquiatra Lissiane Cysne, os avanços dos estudos científicos realizados em todo o mundo evidenciam os efeitos positivos do uso da cannabis para diversas patologias e que por isso a falta de regulamentação não é justificável. A psiquiatra ressaltou ainda que é urgente que haja uma revisão da política antidrogas, além disso, é preciso ampliar as pesquisas, capacitar os profissionais desde a formação e dar suporte às associações.

A coordenadora de Políticas de Saúde Mental da Sesa pontuou que o Estado vem discutindo a temática desde 2019 e que, diante dos avanços nos resultados científicos, uma das principais estratégias é estabelecer canais de pesquisa junto às universidades. Ela comentou ainda que, além da qualificação dos profissionais da saúde, é fundamental que haja um trabalho intersetorial entre os diferentes atores envolvidos nas políticas públicas.

Sobre o acesso à substância, a coordenadora de Políticas de Assistência Farmacêutica da Sesa, Fernanda França Cabral, informou que o Ceará tem atualmente 46 pacientes recebendo canabidiol por meio de demanda judicial. Fernanda detalhou ainda que a importação sofreu impacto negativo com uma atualização da regulamentação feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2022 e que, com isso, hoje existem apenas 15 laboratórios autorizados a comercializar medicamentos do tipo no Brasil.

O debate contou ainda com a presença dos deputados Guilherme Sampaio (PT) e Larissa Gaspar (PT). Além deles, participaram também o vereador da Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor) Gabriel Aguiar (Psol); a covereadora da Mandata Nossa Cara, da CMFor, Lila Salu; o advogado da Rede Reforma, Ítalo Coelho; a representante da Marcha da Maconha, Robervânia Sousa; a representante da Ame Cariri, Arlet Almeida; a representante da Defensoria Pública do Estado do Ceará, Flávia Andrade; a farmacêutica Mary Anne Medeiros e a representante da Rede Nacional Feminista Antiproibicionista, Erika Lima.

Fonte:Repórter Ceará

Sobre Sertão Midia

Veja Também

Carlito Lira será o próximo presidente da ACOMAC-CE para a gestão 2023/2025

A Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção do Ceará (ACOMAC-CE) terá o empresário Carlito ...

DEIXAR UM COMENTÁRIO

Política de moderação de comentários: A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro ou o jornalista responsável por blogs e/ou sites e portais de notícias, inclusive quanto a comentários. Portanto, o jornalista responsável por este Portal de Notícias reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal e/ou familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.